terça-feira, 10 de fevereiro de 2004

Infância Roubada

Fiquei estarrecida com o desfecho do caso do menino brasileiro Iruan. Ele é aquele menino que dois anos atrás foi levado pelo pai pra Taiwan, pra conhecer a família. A mãe já era falecida, então ele morava com a avó, no Rio Grande do Sul. Por um desses acasos do destino, o pai morreu depois de 20 dias e a família do pai decidiu "cuidar" dele. Isto é, ao invés de retornar o menino pro cuidado da avó, eles ficaram com o menino lá.

Só agora, dois anos depois é que a situação foi resolvida pela justiça. Além do trauma de ter perdido primeiro a mãe, e depois o pai, ter que ficar com o tio, sem saber a língua, sem conhecer ninguém com 6 anos, perdido entre um monte de gente que ele não conhecia, Iruan teve que passar pelo trauma de ser arrancado, literalmente, da sua família em Taiwan. O tio do menino não obedeceu a ordem da justiça de entregá-lo e por isso teve sua prisão decretada e agora está foragido. A polícia foi resgatá-lo. Que horror gente! Dá pra imaginar o que se passa na cabecinha desse menino? Quando ele se acostuma com um lugar, tem que ser tirado da segurança desse novo lar pra ser mandado de volta ao Brasil.

Claro que acho que justiça seja feita, que ele volte a morar com a avó no Brasil, mas o que eu acho que não é certo, aliás, muito errado, é esse caso ter se arrastado por 2 anos! Dois anos é tempo demais quando se é criança! É quando se criam os laços verdadeiramente famíliares, quando se reconhece as pessoas como pessoas queridas! Que tipo de justiça é essa, que depois de dois anos resolve que o menino tem que voltar, já. Manda a polícia pegar, bota a família no xilindró.

Não estou falando que a família Taiwanesa tem razão, aliás, acho que eles foram tão errados que merecem mesmo ser punidos pelo que fizeram, afinal, eles deveriam ter feito o correto. Mas como saber, nesses casos o que é certo ou errado? Se a justiça mesmo demorou todo esse tempo pra chegar a uma decisão, como condenar uma família por querer cuidar de um sobrinho que acabou de perder o pai?

Só sei que o mais machucado, aterrorizado e marcado pro resto da vida, é Iruan.

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