Ontem à noite, me dei conta de quantas coisas eu sei. Tantos segredos que me foram confiados, quantos amigos eu tenho por conta disso. Eu sou uma pessoa muito fechada, apesar da fachada risonha e alegre, mora um coração que guarda muito bem fatos e fotos. Tenho que, muitas vezes, me comprometer, me deixar levar, acreditar.
O peso de guardar um segredo pode ser mais pesado do que se imagina. Eu não sou do tipo que fofoca segredos alheios, muito pelo contrário, os segredos que me foram confiados vão ficar comigo até o fim. Eu nunca fui boa conselheira, aliás, se conselho fosse bom a gente não dava, vendia. Eu sou boa ouvinte, me importo com o que as pessoas estão sentindo e falando. Teve cada história que eu ouvi, que segredo ou não, eu não me daria o luxo de contar, nem se trocasse nomes ou mudasse um pouco a situação. Tem segredos que são tão íntimos que eu acho que nem devia saber. Tem segredos que descobri por acaso, que gostaria de não ter descoberto.
A amizade vive da fidelidade e seriadade com que a gente trata os segredos alheios. Ninguém tem essa de "a minha vida é um livro aberto". Não, nunca nossa vida é um livro aberto, porque tem coisas nesse livro que eu nunca quero que seja lido, porque são pedaços de história que só poucos sabem, e aliás, seria melhor que não soubessem.
Eu não ligo de ser o balde onde as pessoas derramam suas mágoas, suas tristezas, suas preocupações, seus desconfortos. Muito pelo contrário, me sinto muito feliz de estar presente, de poder ouvir, de poder dizer que "dias melhores virão", ou "que coragem", ou simplesmente fitar em silêncio, porque tem situações em que o silêncio diz tudo.
Quem será que tem meus segredos entre os seus? Quantos segredos eu andei espalhando por aí, às vezes sem querer, quase como um suspiro, que sai de uma vez, quando a gente menos espera...
Essa vulnerabilidade me assusta, me faz pensar muito no que não deve ser dito, e claro, me esqueço que amar é confiar, é colocar um pedaço da alma em cada relação, em cada amizade. Mas como explicar pra esse outrem que o que me incomoda não é nada que lhe diz respeito, mas sim um segredo alheio, que não posso - não sei se devo - partilhar?
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