Até algum dia, papi...

Essa última semana foi difícil. Meu pai teve uma infecção pulmonar que o deixou muito debilitado e estavamos todos em alerta vermelho. Infelizmente, essa batalha ele perdeu e eu perdi meu pai amado e querido.

Ele vinha batalhando contra o câncer, que já tinha metástases, desde o início de 2008, quando foi diagnosticado. Ele passou por uma cirurgia - eu estava no Brasil pra dar uma força - e quando se recuperou o médico prescreveu sessões de quimioterapia.

Em Setembro de 2008, fui à Roma e visitei o Vaticano e a Basílica de São Pedro com um objetivo somente: pedir a Deus que meu pai pudesse viver bem, e que quando chegasse a sua hora, que ele pudesse ir sem dor.

Graças a Deus, ele não sofreu com a quimio. Claro que teve dias mais difíceis, mas no geral ele esteve bem. Ninguém jamais diria que ele tinha câncer, ele não teve nenhum dos sinais físicos que se nota quando alguém faz quimio. Estava sempre ativo, ia quase todos dias ao sítio (papai adorava pescar e ficar no meio do mato!).

Ele fez viagens, conheceu a Bahia, foi rever velhos amigos no interior, foi ver familiares queridos, enfim, não deixou de jeito algum a doença lhe abater.

Papai viveu e se foi de acordo com seus termos: com a firme determinação de não dar trabalho nem nos deixar preocupados. Eu fiquei com a impressão que ele só estava esperando todos nós estarmos reunidos novamente em casa para ele poder descansar.

Ele se foi nas primeiras horas do dia de Natal, calmamente, sem drama. Ficamos só nós, sofrendo a sua ausência.

Pai, nós vamos nos encontrar novamente, então isso não é adeus, é só até logo. Enquanto isso eu fico aqui, com muita saudade.


Morrer é apenas não ser visto. Morrer é a curva da estrada.
-Fernando Pessoa