sábado, 4 de setembro de 2004

Racismo na Inglaterra?



Ontem foi o último dia de uma colega no escritório, colega que virou amigona, que convivi por 2 anos exatamente. Ela arrumou um novo emprego - depois de muita procura - e a partir de segunda não tenho mais uma grande aliada.

Não parece que eu vou falar de racismo, né? Mas vou sim. Antes tenho que explicar umas coisas. No time que eu estava antes, o mesmo dessa minha amiga e de mais uns 3 bons colegas e do "resto", tem um favoritismo quase que explícito por alguns. Não quero entrar em muito detalhe, basta dizer que em toda a empresa, não tem uma só pessoa branco, preto ou cor-de-abóbora que goste do "chefe" dessa seção.

É incrível como ele passa essa impressão de arrogante, de se achar melhor que os outros e de ser um racista generalizado.

Não, nunca ninguém, chama neguinho de neguinho, chinês de china, indiano de paki. É tudo assim, na base do silêncio.

Não é como no Brasil, que qualquer flanelinha chama "ô japa, olha a vaga aqui, só dérreal arigatô!" ou "E aí alemão, vai levar uma água de côco?" ou apelidos como polaco, japa, china e coisas do tipo.

Aqui as coisas são bem diferentes, são demonstrações de racismo mais refinados, desde exclusão, como não tomar conhecimento da sua existência. E claro, caras e bocas e olhares, e clubinhos fechados. Isso obviamente na "maturidade" porque criança é diferente.

Então nós somos um clube diferente em muitos aspectos. Tem eu (oriental na aparência, brasileira de nascimento), duas colegas indianas (uma da India mesmo, outra com raízes no Quênia, mas as duas Inglesas de nascimento), um moço branco, uma moça branca. Todos temos ojeriza pleo tal homem e seu secto.

Um dos seus "seguidores", é um cara apaixonado por futebol, que um dia, sem mais nem menos começa a falar (pra mim!) mal do futebol brasileiro, que é desorganizado, que é uma m*rda, que é tudo um bando de incompetente. Eu olhei pra cara dele e falei "pois é, é tão ruim que a gente é penta campeão, vocês deviam prestar mais atenção pra aprender como se joga futebol". Virei as costas e saí soltando fogo pelas ventas. Nunca mais o indivíduo abriu a boca pra falar de futebol comigo. Sai pra lá, eu não sou mico amestrado pra baixar a cabeça e dizer yes, master. Nem sou Jesus pra oferecer a outra face.

Nunca houve nenhum fato assim, de provar e comprovar que sim, eles são racistas! São as pequenas coisas do dia-a-dia, até que uma hora ninguém aguenta mais, cria uma tensão, um mal-estar que ninguém quer ir trabalhar. Eu sei, por que eu caí doente pra não ir trabalhar, tive uma enxaqueca por uns três dias seguidos, não queria levantar da cama nem pra viver. Sabe olho gordo, esse tipo de coisa, uma pessoa que te olha com inveja e te faz doente? Acontece tanto...

Foi por essas e muuuiiiitas outras que essa minha amiga foi procurar outro emprego, ela conseguiu, fiquei muito feliz por ela, mas ao mesmo tempo triste, porque ela é o tipo de pessoa que tem um astral ótimo, uma língua ferina, assim como a minha, e a gente tinha muito em comum. Mas a vida é assim, uns vão, outros aparecem.

Lá dentro, tudo continua na mesma, quem deveria estar indo embora ainda tá lá.

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